Hoje peço desculpas a mim!
- Debora Biella
- 3 de mai. de 2020
- 4 min de leitura
Hoje eu quero pedir desculpas à mim mesma, por todas as vezes que me abandonei, que não acreditei em mim, que me senti menos que todas as outras pessoas, quero dizer também que tudo bem se eu fiz porque achava certo ou necessário, quero dizer que é linda a forma como eu amo a vida, e que ter ingenuidade e pureza são complementos de quem ama de verdade, sem medo de se machucar porque é arriscando e sendo corajosos que realizamos coisas incríveis. É assim que se tem uma vida interessante...
Quando conto minha história aos meus amigos, todos acham incrível, acham loucura, veem coragem, amor, disciplina, e foi ouvindo todos esses comentários que repensei. Eu já sofri por amores, já deixei mais de uma vez a vida para trás pra viver uma paixão, já tive empregos de todos os tipos, já fiz cursos de várias universidades, já fui tia, madrinha e mãe, já fui líder, professora e morei num retiro espiritual por um ano. Já fiz amizade no caixa do supermercado e com alta gestão de uma multinacional, amizades que estão comigo até hoje, fiz amizade com a diretora do colégio e a professora de biologia, aprendi a tocar violino e teclado, tenho amigos odontologistas, médicos, enfermeiros CEO/CFO, psicólogos, assistentes sociais, peritos, porteiros, zeladores, merendeiras, motoristas, empregada doméstica, manicure, jornalistas, administradores, engenheiros, professores, advogados, designers, farmacêuticos e aposentados, tenho amigos espalhados do sul ao norte do país e alguns pelo mundo. Uma vida interessante sem dúvidas...
Hoje quero pedir desculpas por ter me cobrado tanto, por ter achado que a vida dos meus amores eram mais interessantes que a minha, por não ter valorizado a minha história, e que história linda, quando olho para trás só tem superação, alegria, histórias de amizades lindas e permanentes, de busca por conhecimentos, de bondade, de luta de coragem, de amor, de doação total a um objetivo. Talvez eu só tenha supervalorizado meus amores, e automaticamente me anulei, quero pedir desculpas por ter criado, inventado muitas vezes coisas que essas pessoas não eram, talvez na vaga sensação de querer transformar em reciprocidade o que eu sentia, mas o que eu sentia eu também inventei, na verdade era o que queria sentir e que fosse recíproco, passei muitas vezes por cima das minhas vontades, achava que amar era isso, entender o outro, ceder, mas e eu? Hoje quero pedir desculpas a mim por não ter me amado antes, por não ter me valorizado antes, e olhado com tanto amor a mim como olhava os outros.
Hoje sei que esse amor é por mim, era esse amor que eu buscava fora, e por mais que nós leiamos sobre amor próprio, e se colocar em primeiro lugar, é tão vago quando você não se percebe, quando você olha e não admira você e sua história. Eu não construí patrimônio como muitos amigos da minha idade já o fizeram, eu não alcancei o topo da carreira como muitos já fizeram, e talvez tenha sido esse o peso da sociedade sobre meus ombros com as perguntas: Formada em quê? Mora aonde? Sozinha? Tem carro? Apartamento próprio? Já viajou para quantos países? Fala quantos idiomas?
De que me importava todas essas conquistas? Digo isso hoje porque consegui realizar boa parte delas, idiomas, apartamento, carro, morar sozinha, formar, tudo isso não fez sentido enquanto eu não percebi minha história com amor, com orgulho, porque fui eu que vivi e construí tudo isso, fui eu que estava lá conquistando as amizades, amizade que cultivo até hoje, de laços que o tempo não apaga, os amores que amei intensamente, de superação a cada separação, de reconstrução, de reencontro comigo após cada término, de mudar de casa com duas malas e recomeçar tudo de novo mais de uma vez, de buscar emprego mais de uma vez, de recomeçar sempre e sempre melhor. A cada tentativa que não obtinha o sucesso que queria me cobrava mais, como se eu fosse incapaz de ser ou ter algo concreto, não poderia falar aos meus amigos, moro nesse lugar, comprei isso, casei, tenho um filho e um cachorro. De que isso tudo importa? para mim hoje só faz sentido se eu puder rir contando tudo isso que vivi, hoje eu tenho orgulho da minha história, tenho amor por ela, eu tenho apenas 33 anos e tenho a plena certeza que já vivi muitas experiências, uma amargas e outras muito deliciosas que algumas pessoas jamais irão viver, e se eu antes não me amei o suficiente, e os namoros e vida a dois não resistiram é porque não era para ser, e ainda bem, porque foram relações necessárias para eu aprender hoje tudo que sei, e ainda bem que duraram um tempo, algumas tempo demais, mas aprendi, essas relações com absoluta certeza hoje não dariam certo comigo, nem começariam, porque eu sei o que eu criei na minha mente, a falta de amor faz nós nos apaixonarmos por um simples "bom dia" ou um coração numa postagem nas redes sociais, por não ver amor em mim amava o que eu queria que fosse.
Não se deixem enganar, vejam sempre os fatos como eles são, racional e emocional são amigos e não inimigos, quando eles caminham juntos a gente ama de verdade e vê tudo como de fato é a realidade.
Minha avó foi a única que antes de partir fez a pergunta mais importante de todas: Você está feliz?
Hoje eu digo: Vó eu sou a pessoa mais grata do mundo por ter a vida que eu tenho, por ter tido as experiências que tive, a família e os amigos que tenho, fui muito feliz e sou muito feliz, mais grata ainda por conseguir perceber isso.
Por isso eu peço desculpas a mim mesma por não ter percebido a beleza dessa história antes, e me perdoo por todas as vezes que agi na impulsividade, emocionalmente e irracionalmente, pois eu não sabia o que sei hoje, então está tudo bem.
TENHO ORGULHO E ALEGRIA DE TUDO QUE APRENDI E VIVI!
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