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Eu não sei o que quero!

  • Foto do escritor: Debora Biella
    Debora Biella
  • 13 de mai. de 2020
  • 6 min de leitura

Quando quiserem ajudar alguém a encontrar seu propósito, sua missão de vida, ajudar alguém encontrar um caminho que vai realiazá-lo ou transformá-lo, seja na vida pessoal ou profissional, não pergunte: O que você mais gosta de fazer? Por favor, NÃO! Porque se fosse simples assim nós mesmos encontraríamos as respostas e não buscaríamos ajuda. Poxa (P#$$@) será que somos as únicas pessoas que não conseguem encontrar algo que nos faça acordar mais cedo com alegria e dormir mais tarde por estar fazendo o que ama? Nos sentimos inferiores, não nos valorizamos, os outros sempre são mais sábios, o que tenho para oferecer?

Não foi uma nem duas vezes que me perguntaram o que eu queria para minha vida e minha carreira, eu ficava intacta, congelada sem saber o que responder, buscava palavras e elas não vinham, não tinha nada claro na minha cabeça, para começar não sabia nem mesmo o porquê estava naqueles lugares. (O que que estou fazendo aqui?)

CALMA!

Vou lhe contar um pouco da minha história...

Trabalhei em padarias, supermercados, frigoríficos, lojas de telefonia, telemarketing, multinacionais, e tentei faculdade de Serviço Social, Análises de Sistema, Sistemas de Informação, até que me formei em Administração, não por não ter opção como muitos dizem por ai à respeito dessa linda profissão, aliás sou louca por essa área, e não fui parar em administração por não ter dado certo nos outros cursos, mas por ser o que mais me completava, eu poderia aprender sobre RH, Direito, psicologia, produção, empresas de diversos seguimentos, economia, contabilidade, tributação e marketing. Quando estava terminando a graduação me especializei em coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching, para atuar com líderes, vida pessoal e mudança de carreia. Parecia que eu sabia o que precisava fazer, sempre quis motivar as pessoas, e quando no meu processo de coaching me perguntaram o que eu queria para minha e vida e para minha carreira, achei naquele momento que já soubesse a resposta da pergunta que sempre me assombrou e respondi: quero ser coach motivacional. Mas não era bem assim!

Eu já fiz artesanato, crochê, bordado, pintura e biscuit, já aprendi a tocar teclado, e já emagreci 35kg em 5 meses, apenas com dieta e disciplina, aliás uma das grandes conquistas que fiz e que muitos me procuram até hoje, cinco anos depois, para auxiliá-los nesse processo. Eu já trabalhei no mundo corporativo por mais de 10 anos, já atendi como coach, eu já fui secretária, filha de empresário e filha de doméstica, casada duas vezes, já tive sobrinhos, enteado, tive gato e cachorro, já morei sozinha e em república, já dei aula de alfabetização e fui catequista, e quase freira, já morei com avó e de favores.

E foi pensando em tudo isso, que lembrei da Mabel Cezar uma das maiores dubladoras do nosso país que disse dia desses que nós somos multipontências, aliás já mencionei isso numa das minhas crônicas e quem puder veja na página dela, isso tem tudo a ver com a profissão que escolhi, pois não precisamos necessariamente gostar de apenas uma coisa, podemos gostar e saber realizar várias.

A minha primeira terapeuta disse que ela só conseguiu encontrar a profissão dela depois de muito tempo, um dia parada na sala do seu apartamento, ela puxou um cartaz e nele colocou tudo que mais amava, suas habilidades, seus interesses, sua bagagem e quando viu comparou com possíveis profissões e descobriu a psicologia, antes ela cursava astronomia, o importante é que ela teve essa clareza e se encontrou. E ela não é a única, eu já falei outras vezes, quem encontra cedo a verdadeira vocação é a minoria, e particularmente acho um crime fazer um jovem de 17/18 anos escolher tão cedo a profissão de uma vida.

O que me deixava mais ansiosa era ver todas essas experiências como da minha terapeuta sendo contada para me ajudar, e eu tentando pelos mesmos caminhos encontrar o meu, mas o problema é justamente esse, não existe caminho igual, eles me ajudaram sim, a tentar encontrar o meu, mas não me fizeram encontrar. o que quero dizer é que, por mais que tenhamos amigos e anjos nos ajudando, nós precisamos estar conectados conosco primeiro, para que tudo faça sentido. Não é o método que eles utilizaram que não serviu para mim e sim eu estar pronta para descobrir. Assim como a psicóloga mudou de área a própria Mabel conta que se descobriu dubladora, e é por aí, quantas pessoas mudam de carreira no auge da vida e do sucesso profissional, conheço médica que largou a profissão para virar musicista, conheço jornalista que deixou a carreira para ser coach, conheço engenheira que virou perita, e arquivista que é um fenomeno no tratamento de neurose, quantas vezes essas pessoas também não se sentiram perdidas, quanto deve ter sido difícil olhar e perceber que não estavam felizes, e que talvez uma mudança de carreira não traria o mesmo retorno financeiro, muitos com filhos pequenos, quantos medos já houveram, você e eu não somos os únicos, e volto a repetir, quem descobre cedo o que quer é a minoria, a grande maioria é sim como você e eu, e muitas dessas pessoas ainda nem chegaram nesse ponto, de questionar a vida, o propósito, a missão de estar aqui., e talvez nunca chegarão.

Primeira coisa que precisamos fazer é nos perdoar por nos cobrarmos tanto, você não deve nada ao mundo, não precisa provar nada à ele, precisa sim olhar para você, rever sua história até aqui, ver tudo que aprendeu, tudo que conquistou, adquiriu no caminho, eu posso afirmar que tem muita coisa, muita bagagem, porque antes de dar certo, vai dar errado, e é nesse errado que a gente constrói nossa história e desenvolve habilidades. Eu não conseguia identificar o que realmente me faria feliz, porque o que hoje me realiza nunca foi pautado como opção, eu não conhecia ninguém no meu convívio que fizesse isso, aliás eu nunca olhei para isso como algo que eu gostasse, no cartaz das minhas coisas isso não aparecia, não especificamente.

O que não mencionei aqui, é que quando eu era criança meu pai me cobrava muito nos estudos, matemática na ponta da língua e caligrafia quase igual um calígrafo, aliás uma vez me fez copiar um livro inteiro só para melhorar a letra ilegível que ele vira, eu sempre escrevi cartas aos meus amigos, professores, as vezes imprimia reflexões e colocava no mural da sala dos professores na adolescência, meu primeiro relacionamento sério que resultou num casamento de seis anos, começou virtualmente e com troca de correspondências e o segundo com um pedido de namoro via carta. Uma grande amiga me disse uma vez, que até numa mensagem de parabéns eu era mais criativa que ela, que eu escrevia bem coisas simples e coisas tão profundas e complexas, curioso é que na escola se eu li um livro inteiro nas aulas de literatura brasileira, foi muito, lembro de ter lido "Senhora" de José de Alencar na versão resumida, e de ter zerado na prova de gramática, gostava mesmo era das aulas de oratória, de expressar nos textos o que eu queria e poder declamar lá no púlpito orgulhosa do que escrevi. Todos os meus meus amigos, pelo menos a grande maioria já recebeu presentes de mim, adoro fazer isso, mas certamente receberam juntos cartas manuscritas, gosto de escolher o papel, de desenhar as letras que formam aquelas palavras que eu quero que traduzam sentimentos e cheguem até seus corações.

E foi revisitando o passado, revendo os elogios, fazendo o que gosto, que também resolvi escrever para mim, e assim como a psicóloga e a dubladora me descobri escritora. As nossas habilidades podem nascer conosco ou nós as identificarmos pelo caminho, foi assim comigo, eu não gostava nem das aulas de português, como poderia pensar em ser escritora? eu tenho 33 anos, comecei a gostar da leitura com 28 anos, ou seja há cinco anos comecei a entrar no universo que me faz sentir pertencida, quando comecei a cogitar a escrita como um bem a mim, tive medo de olhar e ser mais uma das tantas coisas listadas acima que fiz, que aprendi e depois passou, mas por mais que nas outras também tivesse empolgação de começar algo novo, quando você se percebe no mundo, se percebe sendo algo, é diferente, não importa se vai ter gente lendo, não importa se isso trará retorno financeiro, o que importa é poder fazê-lo, eu tenho um emprego do qual tiro meu sustento, tenho consciência de que não posso viver de amor, mesmo que seja amor por mim, mas isso não anula o meu encontrar-me, não desmotiva, não para a vontade de continuar escrevendo seja para quem for, seja mesmo para que eu revisite isso tudo e sorria a cada frase, porque quando se sabe onde está e para onde quer ir fica mais fácil perceber as oportunidades, perceber as estradas que nos farão escolher mais assertivamente o caminho da realização.

Aprenda a celebrar suas conquistas até aqui, aprenda a rir de si, está tudo bem se ainda não sabe para onde ir, você vai descobrir, só o fato de questionar sobre isso já é estar no caminho, e como disse, muitos passarão pela vida e não questionarão isso, e viverão uma vida sem paixão. Sinta-se também parte da maioria que não sabe ainda o que quer, parte também da minoria que busca o que quer, aprecie o caminho, as vezes o que buscamos não está estampando na nossa frente, as vezes nós precisamos caminhar mais, viver mais, entre amar e sofrer um degrau fica para trás, e de repente tudo fica claro, as vezes você só se descobre, outras vezes você simplesmente se encontra, independente da forma, do tempo e do lugar ame o agora, ele é tão importante quanto o resultado.

Com muito amor! - Débora Biella.


 
 
 

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