Gratidão não é prisão!
- Debora Biella
- 17 de abr. de 2020
- 2 min de leitura
Ser grato(a) é virtude também, é demonstração de humildade, de humanidade, de reconhecimento. Ser grato(a) é liberdade de aceitar e opinar sobre a atitude de alguém para conosco ou para alguma causa.
A gratidão é espontânea, ao menos deveria ser, ela vem e parte do pressuposto do reconhecimento por algo. Há algum tempo venho me perguntando sobre isso, pois existem várias situações em nossas vidas em que nos deparamos com pessoas nos ajudando, ou nós fazendo algo pelos outros, e onde deve estar a gratidão nisso tudo? Não deve! Não é um dever, a gratidão simplesmente é, quando é a gente sabe, o problema é que nós cobramos e somos cobrados por isso, e muitas vezes usamos a palavra "ingratidão", por algo gratuito que nós fizemos os nos fizeram. Existem muitas relações onde a gratidão vira cobrança eterna, nos tornando ou tornando os outros prisioneiros de uma ação, no amor e na amizade isso é muito mais comum do que se pensa e pode vir a tornar-se uma relação tóxica e abusiva. A gratidão quando reconhecida deve ser dita, digo reconhecida, porque há muitos momentos, que não somos gratos por simplesmente não termos consciência do ato, mas quando o for que seja dito, reconhecido e ponto.
O que me fez refletir sobre o assunto é que, mesmo reconhecendo e dizendo, por muitas vezes e situações, nos tornamos reféns dessa gratitude, isso porque as vezes nossas vidas mudam significativamente, seja ajudando ou sendo ajudado e inconscientemente nos sentimos em dívida com alguém, mas é essa a margem e o limite de uma prisão, ser grato(a) é reconhecer no seu íntimo é saber e humildemente receber isso ou doar, podemos ser gratos(as) por simplesmente fazer algo para os outros, sermos gratos a nós mesmos e também existem várias formas de demonstrar gratidão, uns falam, outros retribuem de alguma forma. Existem pessoas que se afastam porque acham que o outro foi ingrato, que julga ingratidão porque nunca mais ligou, porque nunca mais o visitou, nem o felicitou no aniversário, a gratidão não é um termo de subordinação e obrigação a nada.
Quando somos gratos(as), nós sempre lembraremos o motivo da gratidão, quando somos gratos(as) nós daremos os créditos a quem de fato merece o reconhecimento, mas se por algum motivo ou contratempo da vida, nós nos afastarmos dessas pessoas que nos ajudaram, isso não anula essa gratidão, não é ingratidão, a gratitude não é uma bandeira que fica hasteada ao lado da pessoas toda vez que a mencionamos, pois podemos nos decepcionar com elas, podemos não concordar com suas opiniões e atitudes, podemos seguir por caminhos totalmente distintos, e gratidão não é passe livre para o ser humano e todas as suas ações subsequentes, seja conosco ou para com a sociedade. Nossas atitudes são feitas por nossa vontade, vontade do momento, da necessidade, do coração, e se isso for condição para manter fidelidade, amizade, amor, casamento, união, sociedade, a gratidão não serve de nada, porque como já disse ela é virtude, se houverem condições, não há razão de exigir reconhecimento, isso chama-se troca.
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